No âmbito do projeto «Ler Consigo», chegou-nos um interessante depoimento de Vila Real, da nossa colega Maria João Cunha, a lecionar na Escola Secundária c/ 3º ciclo de Camilo Castelo Branco:
No dia 19 de março p.p., a turma F do 10ºAno da ESCCB, de Vila Real, recebeu uma das mais emblemáticas figuras vilarrealenses da educação pré-escolar, Branca Nogueira de Melo, ou simplesmente Branca, como gosta de ser tratada, a primeira educadora da cidade, que abriu as portas do “Jardim” Mundo da Criança há cerca de cinquenta anos.
Levou aos alunos a sua forte personalidade e as vivências riquíssimas que determinaram algumas das suas preferências de leitura, nomeadamente Eça de Queirós, A Cidade e as Serras, e Gonçalo Cadilhe, África acima: a seleção do tema viagem-viagens em discursos distantes determinou a interação criada nesta sessão de leitura do seu regresso à escola.
Ficam registadas, de seguida, as opiniões dos alunos a partir de excertos dos seus comentários: «Adorei a leitura e todas aquelas emocionantes aventuras relatadas no livro.»; «Gostei da apresentação e aprendi muito com as vivências da convidada.»; «Foi uma boa experiência»; «Muita alegria e boa disposição estiveram presentes. Gostei de conhecer a Branca e algumas das obras que a marcaram positivamente.»; «Apreciei, de alguma forma, mais o segundo livro do que o primeiro, talvez por ser mais coincidente com a nossa atualidade. O primeiro livro [A Cidade e as Serras], apesar de ser de uma beleza impressionante, contém alguns termos complicados e relativamente antiquados.»; «Devido a ter lido excertos de dois livros de eras completamente diferentes, foi possível estabelecer comparações. Pessoalmente, preferi a escrita do primeiro livro pois caracteriza-a um certo humor.»; «Fiquei admirado com tamanha sabedoria por parte da nossa convidada.»; «A atividade foi muito enriquecedora no sentido em que nos permitiu contactar com alguém que já vivenciou muita coisa e comparar com aquilo que conhecemos hoje.»; «Gostei do sentido de humor da nossa convidada e do ambiente que criou na sala. Fez uma boa leitura dos excertos que escolheu.»; «Gostei especialmente do segundo livro por abordar assuntos mais recentes.»; «Creio que foi uma experiência interessante pelo confronto de gerações tanto na convivência como nos livros apresentados.»; «A Branca mostrou ser uma pessoa fantástica que adora viver e “curtir” a vida. Gostei muito de a ouvir.»; «Gostei da atividade. Vi que a Branca é uma grande mulher, uma “adolescente” como nós: foi uma interação rica. Só tenho a dizer “Obrigada!”».
A professora
Maria João Cunha
Encontro com Maria Teresa Maia Gonzalez
No passado dia 15 de Março, tivemos entre nós a presença da escritora Maria Teresa Maia Gonzalez (MTMG). Neste encontro participaram alunos dos 1º, 2º e 3º ciclos do Agrupamento, pois cada ano de escolaridade, ao longo deste ano lectivo, estudou e trabalhou uma obra da autora. Assim, foi com grande entusiasmo e carinho que a acolhemos.
O encontro decorreu de forma calma e agradável. A escritora revelou um pouco da sua infância, das suas preferências e motivações na vida, criando um clima de à-vontade com os alunos. Neste aspecto, o facto de a escritora exigir que antes de cada pergunta o aluno se identificasse foi muito importante, pois foi uma maneira de haver mais interacção entre todos.
Para MTMG, tudo o que a rodeia é inspiração para a escrita, tanto as coisas boas como as menos boas. Gosta de “pegar” em tudo o que seja uma oportunidade para falar do mundo e, se possível, dar pistas para mudá-lo, escreve sobre as pessoas que conhece, sobre Deus, sobre a realidade… O seu principal objectivo é marcar positivamente alguém, ajudá-lo a ver o mundo e o outro de forma diferente, mais consciente, mais compreensivo e de uma forma mais aberta. Considera, ainda, que possui um dom de Deus – o da escrita - , e que cada um de nós é chamado a fazer algo por si e pelo outro que está ao seu lado, pois o mundo conta com cada um. Todos somos importantes. Escrever é também uma forma de libertação, uma forma de exprimir muitas das suas emoções. MTMG deu como exemplo, o sentimento da raiva que é como um ácido sulfúrico que corrói e mata, e que para a ultrapassar ela simplesmente escreve. Também alertou os alunos presentes para a necessidade de treinarem a concentração tal como um músculo e de saberem olhar para as pequenas coisas que os rodeiam.
Recordou com nostalgia a sua adolescência, confidenciando que para ela também foi uma fase difícil. Recordou as histórias que o pai, que também escrevia poesia, costumava contar à noite, enquanto jantavam. As personagens dessas histórias eram a escritora e os seus irmãos e a acção eram situações que ele tinha vivido. O desenlace era um ensinamento sobre algum comportamento ou atitude que ele queria corrigir nela própria ou nos seus irmãos. De uma forma subtil, sem ralhar e sem “sermões”, a estratégia do seu pai era incutir-lhes os valores necessários para a vida.
Foi um prazer e um privilégio estar presente!
A professora: Alexandra Fernandes
Professora de Língua Portuguesa - 2º ciclo
Integrado no projecto “Ler Consigo”, nos dias 4 e 5 de Abril, os alunos do 12ºG e 12ºE, respectivamente, receberam nas suas salas de aula dois ilustres convidados, o Dr. Manuel Cardona, advogado de renome da nossa cidade, e o Reverendíssimo Bispo Coadjutor da Diocese de Vila Real, Dom Amândio José Tomás. Entusiasticamente, os oradores dissertaram, durante cerca de 80 minutos, sobre as suas experiências pessoais com os livros, com a leitura, invocando inúmeras razões para a sua prática diária.
O Dr. Manuel Cardona deleitou a plateia ao narrar breves histórias associadas à sua passagem, enquanto estudante, pela Escola Secundária de Camilo Castelo Branco, o antigo “Liceu”. Claramente orgulhoso por a esta Instituição ter pertencido, relembrou as comemorações felizes do 1º de Dezembro que preza ainda em comemorar, passados tantos anos… Munido de algumas obras de Autores Transmontanos, salientou alguns nomes consagrados, nomeadamente Miguel Torga, António Pires Cabral e Araújo Correia, dissertando sobre a importância da leitura, em particular de Autores da região, motivo de orgulho para as gentes locais e testemunhos da diversidade e riqueza da região da qual fizeram ou fazem parte.
Depois de ter dado conhecimento aos alunos do seu interessante e riquíssimo percurso biográfico, Dom Amândio José Tomás salientou, a propósito da leitura, o valor das palavras, do “verbo”, centrando o seu discurso em referências a parábolas bíblicas repletas de mensagem e significado. O perdão e o amor foram os valores salientados a propósito da leitura expressiva da parábola “O regresso do filho pródigo” e, perante uma plateia embevecida com as palavras de tão ilustre conviva, os alunos enalteceram a cultura, a experiência, a simpatia e o poder comunicativo de D. Amândio José Tomás.
A sociedade civil deslocou-se amavelmente à nossa escola e esta agradeceu a amabilidade com aplausos entusiastas e sorrisos de contentamento de quem sabe ter enriquecido a todos os níveis com tão feliz acontecimento.
A professora: Isabel Monteiro
No dia 5 de Abril, a Turma D do 12.º Ano, recebeu, na aula de Português, o Dr. Manuel Coutinho, Director da Escola Secundária/3 de S. Pedro, que nos apresentou um artigo de opinião de Tiago Mesquita, publicado na edição online de 2 de Março de 2011 do jornal Expresso.
O texto, sugestivamente intitulado “Uma ‘geração à rasca’ e outras a ‘ganir’!”, despertou grande curiosidade nos alunos que, entusiasticamente, discutiram ideias e emitiram opiniões sobre a situação dum país todo “à rasca”.
Eis alguns excertos reveladores do balanço que a Turma faz desta actividade: “Apreciei imenso a aula pois deu origem a um debate intenso de ideias entre alunos e professores”; “O Director da Escola S. Pedro trouxe-nos um tema actual e que suscita controvérsia”; “Boa iniciativa, bom projecto para discutir novas ideias”; Foi muito bom tomar conhecimento dos vários pontos de vista dos meus colegas e do professor Manuel Coutinho que, pela sua experiência de vida, nos alertou para determinados obstáculos e para os erros que a sua geração cometeu e que se reflectem na actualidade”; “A actividade ‘Ler Consigo’ foi portadora de uma certa magia”.
O professor: Joaquim Almeida
No dia 5 de Abril, a turma A do 12º ano recebeu o sr. Duarte Carvalho, responsável pelo Museu do Som e da Imagem, no Teatro Municipal de Vila Real. Trouxe, no seu “regresso à escola”, Jorge Amado e António Cabral. Ofereceu dois livros à turma, o que provocou surpresa e entusiasmo nos alunos. Foi manifesta a satisfação geral pelo percurso de vida do convidado. Fica o registo de excertos de opiniões de alunos: «Gostei muito da pessoa escolhida: achei que se tratava de uma pessoa culta e sensível para a arte da vida. Gostei das obras que apresentou, que me eram desconhecidas»; «O poema que leu, “Aqui o Homem”, de António Cabral, é muito bonito, com uma visão diferente do Douro.»; «Gostei fundamentalmente do seu entusiasmo e da sua eloquência enquanto falava das obras de Jorge Amado, mas sobretudo da sua visão do Douro através de António Cabral.»; «A participação do convidado no Projecto Ler Consigo foi uma mais-valia e serviu como incentivo à leitura. Confesso que fiquei curiosa quanto à leitura de obras de Jorge Amado.»; «Quanto ao poema que nos leu, gostei do confronto que fez entre António Cabral e Miguel Torga. Foi uma visita muito enriquecedora.»; «Levou-nos, por momentos, a pensar na dura vida dos homens do Douro. Também gostei muito de saber da sua paixão pela fotografia»; «Gostei muito da apresentação do convidado, porque revelou uma nova visão da vida que desconhecia».
No dia 6 de Abril, a turma B do 12º ano recebeu o dr. António Passos Coelho, médico e escritor de Vila Real. Trouxe, na “bagagem”, um livro de Contos, Gente da Minha Terra, e poemas de sua autoria. Leu o conto “O Exame” e dois poemas: “Artista Furtivo” e “Em Louvor da Criança – Cantiga de Mãe”. Ofereceu dois livros à turma, o que surpreendeu agradavelmente os alunos. Foi evidente o agrado geral face à presentificação de um passado revelador de diferentes formas de vivência familiar e escolar. Fica o registo de excertos de opiniões dos alunos: «O doutor é um bom contador de histórias.»; «Gostei muito do conto escolhido.»; «A visita foi muito interessante, pois foi-nos dada a conhecer parte da história da educação em Portugal.»; «Trouxe-nos dois poemas da sua autoria, dos quais gostei muito. Além disso gostei que tivesse partilhado connosco peripécias da sua vida enquanto estudante.»; «Gostei muito de ter contado com a sua presença, de ter ouvido um conto e, principalmente, da partilha de histórias da sua juventude.»; «Foi muito agradável a presença do convidado na sala, uma vez que nos alertou para as dificuldades e meios de as ultrapassar através do seu conto “Exame”.»; «Adorei os poemas e o conto que leu.»; «Estas actividades são sempre enriquecedoras. Estivemos perante uma pessoa com um percurso de vida muito rico. Foi muito bom ouvir a leitura do conto, mas do que mais gostei foi o poema “Cantiga de Mãe”.»
No dia 6 de Abril, a turma C do 12º ano recebeu o sr. António Ferreira, autodidacta. Para a sua visita à escola, “transportou” não apenas “Crimes da Guerra do Vietnam”, de Bertrand Russel, mas também a sua história de vida. Fica o registo de excertos de opiniões de alunos: «Achei o Projecto, este ano, interessantíssimo, pois foi uma experiência única ouvir um homem com tanta idade mostrar, com tanto amor, as suas experiências de vida; nem toda a gente é capaz de aprender a ler sozinha. Fez-me lembrar o meu avô, que sempre admirei.»; «Admiro o seu esforço de aprendizagem e a sua paixão pela leitura e pela cultura.»; «O sr. António constitui uma verdadeira lição de vida, um exemplo de como a perseverança nos pode ajudar a ultrapassar as maiores dificuldades»; «Ao longo do seu emocionante discurso, recordei a força de vontade do meu avô, pois a ânsia de querer aprender superou todas as dificuldades.»; «O seu gosto pela leitura, a partir da afirmação “posso dizer que já li milhares de livros”, provocou em mim uma grande admiração.»; «Admiro-o porque aprendeu a ler sozinho e mostrou-se à altura do Projecto realizado na escola.»; «O sr. António forneceu-nos uma importante lição: a vontade de querer saber e a busca de conhecimento são o motor de progressão. Se nos aventurarmos e lutarmos por aquilo em que acreditamos, o nosso objectivo será atingido.».
Podem encontrar este relato no blog da escola.
Vila Real, 26 de Abril de 2011
A Professora: Maria João Cunha
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